Sônia de Fátima Moura, mãe de Eliza Samudio, disse, após a divulgação das sentenças de Luiz Henrique Romão, o Macarão, e Fernanda Castro, ex-amante do ex-goleiro Bruno Souza, que a justiça "está começando a ser feita".
"Estou aliava, porém não estou feliz. Feliz eu estaria se tivesse com a minha filha, mas a Justiça está começando a ser feita", afirmou, na saída do fórum de Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte). "Se Deus quiser, no dia 4 de março de 2013, essa justiça será feita", afirmou Sônia, ao se referir à data em que serão julgados Bruno, o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola --que teria matado Eliza-- e Dayanne Rodrigues do Carmo --ex-mulher de Bruno.
Ela disse que vai se preparar para o julgamento "psicologicamente" porque estará frente a frente com a pessoa que executou minha filha, Bola, segundo a acusação da Promotoria, e do mandante, o ex-goleiro, conforme a acusação. Sônia voltou a dizer que vai continuar a buscar o restos mortais da filha. "Vou buscar isso. Vou continuar na busca dos restos mortais da minha filha", afirmou. "Deus vai me dar de presente nem se for um pedacinho do dedo da minha filha", afirmou. Ela afirmou ainda que após a condenação se sentiu mais aliviada.
Macarrão é condenado a 15 anos por sequestro e morte de Eliza; ex de Bruno pega cinco anos
Já a ré Fernanda Gomes de Castro, 35, ex-amante do goleiro, recebeu uma condenação de cinco anos pelos crimes de sequestro e cárcere privado de Eliza e seu filho, hoje com dois anos e meio de idade. Como a condenação foi menor do que seis anos, Fernanda cumprirá pena em regime semiaberto.
Segundo a Promotoria, Macarrão coordenou toda a trama que começou com o sequestro de Eliza, em 4 de junho de 2010, no Rio de Janeiro, e terminou com sua morte, na casa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, seu executor, em Vespasiano (região metropolitana de Belo Horizonte), em 10 de junho do mesmo ano.
Coube a Macarrão a tarefa de atrair Eliza para Belo Horizonte, prometendo a ela que Bruno iria fazer um teste de DNA para reconhecer o filho, além de entregar a modelo o dinheiro referente a pensão de Bruninho, conforme sustentou a acusação. Para realizar a tarefa, Macarrão contou inicialmente com a ajuda de Jorge Rosa, primo de Bruno, menor a época dos fatos, que agrediu a vítima com coronhadas na cabeça dentro da Land Rover do goleiro.
Em seguida, ambos levaram Eliza para a casa de Bruno no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio, seu primeiro cárcere privado. Lá, tiveram ajuda de Fernanda, que ficou com o filho de Eliza enquanto a modelo era mantida no cárcere até a noite do dia seguinte, sábado, 5 de junho, quando foi levada para Minas Gerais.
Ainda de acordo com o Ministério Público, Eliza e o bebê foram para Minas na Land Rover, dirigida por Macarrão, junto com Jorge, enquanto Bruno foi com Fernanda em uma BMW. Ao chegarem na Grande Belo Horizonte, eles se hospedaram em um motel no município de Contagem. Macarrão, Jorge e Eliza chegaram antes. Bruno e Fernanda foram buscar outro primo do goleiro, Sérgio Rosa Salles, e se dirigiram para o motel.
No dia seguinte, domingo, 6 de junho, todos foram a um jogo de futebol do time 100%, patrocinado por Bruno, em Ribeirão das Neves. Eliza não. Ela foi levada por Macarrão ao sítio do goleiro em Esmeraldas (região metropolitana de Belo Horizonte), onde foi mantida em cárcere privado até quinta-feira, 10 de junho.
Nesta data, Macarrão, Jorge e Sérgio a levaram até um local situado perto da Toca da Raposa, centro de treinamento do Cruzeiro na região da Pampulha, em Belo Horizonte. No local, aguardava eles, em uma moto, Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que os guiou até a casa dele em Vespasiano (região metropolitana de Belo Horizonte), onde Eliza foi morta por estrangulamento. Seus restos mortais, segundo a Promotoria, foram destruídos.
Bola teria se recusado a matar a criança, o que obrigou Macarrão a procurar Dayanne de Souza, ex-mulher de Bruno, para arrumar um destino ao bebê. Ela ficou com a criança por alguns dias no sítio em Esmeraldas, até entregá-la a vizinhos de Bruno no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves --Bruninho foi encontrado pelo dias depois, em uma casa do bairro.
Macarrão está recluso desde julho de 2010 na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem. Fernanda chegou a ser presa em agosto de 2010, mas ganhou a liberdade em dezembro do mesmo ano e, desde então, responde em liberdade.
O júri de Bruno, Bola e Dayanne foi desmembrado e adiado para 4 de março de 2013. Outros réus do caso, Wemerson Marques de Souza, amigo de Bruno, e Elenílson Vítor da Silva, o Coxinha, ex-caseiro do sítio do goleiro, também irão a júri, sem data definida.
Na sua sentença, Marixa Fabiane escreveu que "após a análise de todo o contexto probatório na fase de inquérito policial e em juízo, com base pericial, documental e testemunhal, por ocasião da instrução do processo, externei meu convencimento de que materialidade do crime estava comprovada pela prova indireta que Eliza Samudio, de fato, foi morta".
Marixa continua: "No entanto, alguns dos advogados, no exercício legítimo da defesa, semearam de forma exitosa a dúvida na mente de milhares de pessoas, ao longo de dois anos e cinco meses, que questionavam-se se de fato Eliza Samudio estava realmente morta. Tenho que a admissão do réu Luiz Henrique, que realmente levou Eliza Samudio para o encontro com a morte, foi de extrema relevância para tirar do Conselho de Sentença qualquer dúvida sobre a materialidade do crime de homicídio". Sobre a confissão de Macarrão, a juíza escreveu que "prestigio sua confissão em plenário para a redução da pena [do crime de homicídio] para o mínimo legal (12 anos)".
Outro lado Carla Silene, advogada de Fernanda Castro, afirmou, após o julgamento que vai recorrer da decisão --mesmo ela colocando sua cliente em regime aberto. "Não quero que a Fernanda tenha antecedentes criminais", afirmou.
Leonardo Diniz, advogado de Macarrão, afirmou que ainda vai analisar o processo para ver se recorre da sentença. Ele disse não saber quando o ex-braço direito de Bruno poderá deixar a prisão. "Vamos analisar para fazer o cálculo", afirmou.
Sobre a confissão de seu cliente da morte de Eliza, ele disse se tratar de "um direito dele". "O julgamento mudou de dinâmica", afirmou. Diniz disse que não havia falado com Macarrão, após a sentença. "Ele [Macarrão] está muito emocionado", afirmou. Segundo o promotor Henry Castro, Macarrão poderá pedir a progressão de sua pena daqui a dois anos e meio.
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