quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Polêmica sobre depilação da atriz Nanda Costa mostra intolerância com pelos

Atualmente, pelos e sexo já não combinam tão bem. A moda é depilar, de preferência tudo ou quase tudo. E quem foge do padrão não escapa incólume às críticas. O episódio recente da "Playboy" da atriz Nanda Costa, que ficou entre os assuntos mais comentados na internet por causa do estilo de depilação (conhecido como biquíni) exibido nas fotos, demonstra o quanto as pessoas estão intolerantes com pelos.

A aparência de Nanda foi comparada a de Claudia Ohana, atriz eternizada pelo ensaio batizado de "beleza selvagem", que fez para a mesma revista, em 1985. E muitos homens e mulheres não perdoaram a volta dos pelos pubianos em estado mais bruto às páginas da "Playboy".

Do outro lado da trincheira, alguns ainda resistem à moda da depilação total. O jornalista e cronista da Folha de S. Paulo Xico Sá, defensor de uma "política pubiana sustentável, apenas aparável", afirma que "sexo sem pelo não é sexo".

Para Xico, o corpo adulto totalmente liso fica muito infantilizado. Ele até admite que depilar tudo pode ser uma variação interessante, mas só de vez em quando. "Pode acontecer [a depilação total] até como um mimo da moça, uma coisa especial, episódica, mas isso, como regra, me incomoda. Minha educação sentimental foi com pelos. Conheci o sexo das meninas com pelos", diz.


Além disso, a violência dos críticos, que costumam manifestar extremo nojo dos pelos nos comentários dos textos que publica a favor dos "bosques femininos", assusta o cronista. Mas o faz lembrar que esse comportamento não é novo. "Quando a Vera Fischer saiu na 'Playboy' em 2000 [também com pelos íntimos fartos], a reação negativa dos leitores foi tão grande que me chamaram para escrever um artigo em defesa do ensaio", relembra Xico Sá.
Função dos pelos

Afinal, além de causar polêmica, os pelos pubianos têm ou não alguma função? Segundo o ginecologista Jorge José Serapião, membro da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro, esses pelos têm grande valor sexual e aparecem com o surgimento de determinados hormônios.

Por causa da presença de glândulas de suor, tanto nessa região quanto nas axilas, esses pelos exalam um odor que funcionaria como mecanismo de atração sexual, assim como os feromônios nos animais. "Mulheres expostas ao cheiro sexual masculino podem até ovular, para se ter uma ideia da importância dele", exemplifica o médico.

Para Serapião, a justificativa usual de que depilar os pelos é mais higiênico não faz sentido. O médico apenas ressalta que, assim como o couro cabeludo, que concentra mais fios, a região pubiana exige um cuidado maior na hora da limpeza.

Segundo ele, até na medicina o conceito (de que depilação é sinônimo de limpeza) caiu por terra. "Antigamente, depilava-se o corpo antes de uma cirurgia. Hoje, não se faz porque aumentam os focos de infecção na região depilada. Não há vantagens higiênicas. A depilação pode ser um fator de aceitação pessoal, mas não evita doenças. O pelo é um fator de proteção".


O urologista José de Ribamar Calixto, vice-presidente da seccional do Maranhão da Sociedade Brasileira de Urologia, tem uma visão diferente da questão. Para o médico, a prática de aparar ou depilar os pelos contribui com a higiene, justamente porque ajuda a reduzir os odores. "Por possuir glândulas de suor e gordura, os pelos, quando ficam muito tempo abafados, podem produzir cheiro ácido e azedo", afirma Calixto.

Homens depilados


Já faz tempo que a depilação deixou de ser uma preocupação exclusivamente feminina. Os homens passaram a se incomodar com o excesso de pelos no próprio corpo. O médico maranhense conta que é raro ver, entre seus pacientes, homens com pelos muito altos.

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