sexta-feira, 6 de abril de 2012

"A Grande Família" retorna com mais dramaticidade e menos graça

Acostumados com uma certa leveza e brejeirice nas histórias vividas no seriado "A Grande Família" (Globo), o espectador deve ter estranhado um pouco o episódio que deu início à nova temporada na quinta-feira (5).

O elenco base do seriado é o mesmo, e continua afiado como sempre. O roteiro é que criou um ar de uma certa seriedade para o episódio de ontem. O desfecho da história foi brusco e estranho. Deu a sensação de que iria aparecer um letreiro dizendo: "Continua na próxima semana". Mas não apareceu.

Para salvar o neto de um atropelamento, o "pai de todos" Lineu (Marco Nanini) sofre um grave acidente e entra em coma. Quatro anos depois volta do coma e se depara com muitas novidades em seu mundinho até então extremamente rotineiro.

A sua sempre fiel esposa Nenê (Marieta Severo) está quase tendo um caso com o doutor Romero ( Juca de Oliveira, numa bela participação especial). A sua filha Bebel (Guta Stresser) tornou-se uma verdadeira "perua", com cabelão, lentes azuis e tudo mais. O neto Florianinho (Vinícius Moreno) já se transformou num adolescente, malandro e folgado igual ao pai. Agostinho (Pedro Cardoso), seu genro sempre marrento e cheio de manha, prosperou e melhorou de vida.

Agostinho Carrara aproveitou a ausência do acamado sogro para aumentar a sua frota de táxi, tomando para si o carro de Lineu. Resolveu por bem aumentar o seu quintal, já que sem carro Lineu não precisaria mais do espaço da garagem. Para dirigir o novo táxi, foi contratado um novo motorista, vivido pelo ator Luís Miranda.

Paulão (Evandro Mesquita) continua sócio de Agostinho. No episódio de ontem, o seu habitual e divertido costume de falar errado, pareceu um tanto forçado. Mas não chegou a comprometer a graça do personagem.

O que tirou a "graça" habitual do seriado neste episódio de abertura foi a densidade das cenas de Nenê no hospital, esperando pelo retorno de Lineu. O envolvimento amoroso do doutor Romero por ela, que já estava quase partindo com ele para um passeio em Buenos Aires quando o marido voltou a si. A revolta de Lineu ao sentir-se traído pelo homem que lhe salvara.

Mas atenção: foi tudo muito bem realizado, os atores estavam ótimos, com o reforço da presença de um ator do quilate de Juca de Oliveira. O que se perdeu foi o tom de 'comédia ligeira' com o qual estávamos acostumados.

Quem ganhou pontos foi o ator Lúcio Mauro Filho, cujo personagem Tuco arranjou um emprego na televisão. O "personagem" do personagem é um tipo que lembra um antigo sucesso seu no programa "Zorra Total" --um gay divertido que desmontava as teorias do seu "papi" (Jorge Dória) sobre a sua masculinidade.

No novo emprego de Tuco, Lúcio Mauro Filho repete a dose com a mesma verve e faz um gay que alardeia aos quatro cantos que só não "sai do armário" porque papai não deixa! Foi, sem dúvida, o ponto alto do humor neste retorno.

Com uma equipe de redatores e diretores do primeiro time, certamente "A Grande Família" achará rapidamente um equilíbrio entre o aprofundar de suas histórias e o humor leve e sadio que sempre a caracterizou.

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